30 junho, 2009

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Pearl Jam - Vitalogy

Seria se supor que, estando em primeiro lugar, Vitalogy seria perfeito, intocável, sem falhas. Mas não. Vitalogy é o enfant-terrible dos Pearl Jam, o filho bastardo, a ovelha negra. Tem um carácter único. Não é polido; na verdade a produção é muito crua, a sonoridade é muito, muito negra, obscura, por vezes bizarra. Não é um álbum bonitinho, nem é feito para a geração Arcade Fire. É um disco que surge das profundezas do Rock Alternativo da década de 90.

Não eram tempos fáceis para a banda, ainda a lidar com a fama, a passar por problemas legais (a famosa polémica com a Ticketmaster), e com alguns elementos da banda a atravessarem questões pessoais delicadas. Tudo isso envolve Vitalogy num turbilhão de emoções que se externalizam através dos instrumentos, da voz, das letras.

Tem uma base conceptual: Vitalogy é o nome de uma enciclopédia médica de 1899, referência no seu tempo, mas que agora apresenta conteúdos totalmente datados, absurdos e até surreais. O próprio CD é um mini-livro, cuja capa e conteúdo (apenas uma pequena parte dele, já que o livro completo tem cerca de mil páginas) são iguais aos do original.

Desde os primeiros acordes de "Last Exit" que percebemos que este não será apenas mais um álbum de Pearl Jam; é a introdução perfeita, dado que é em tudo semelhante ao álbum - crua, pesada, confusa, caótica, e verdadeiramente genial. "Spin The Black Circle", o tributo ao Vinil, é a música mais Punk da discografia dos Pearl Jam. "Not For You" é mais uma faixa agressiva, marcada pelas letras anti-fama do Eddie.

Depois...bem, depois temos "Tremor Christ". A música. A minha música preferida. Desde as letras sinistras e indecifráveis, passando pela composição originalissima, e indo até à emoção pura na voz, tudo é único nesta música. Segue-se a arrepiante "Nothingman", a mais bonita balada que os Pearl Jam já fizeram - tanto a nível de música como de letra. "Whipping" é simples, mas do mais contagiante que há.

A partir daqui começam a surgir as faixas exprimentais: "Pry, To" é um minuto bizarro, uma música que tem um significado quando ouvida normalmente, mas que tem uma mensagem secreta quando ouvida em sentido contrário (coisa feita por muitas bandas, mas só os Pearl Jam conseguiram criar uma música que tivesse significado lógico ouvido das duas maneiras). "Corduroy" é uma das músicas mais tocadas pela banda ao vivo, e também uma das minhas favoritas.

"Bugs"...bem, bastará imaginar Eddie Vedder a tocar acordeão enquanto vai cantando uma letra absurda e hilariante; um delírio - ouvir para crer. "Satan's Bed" tem uma das melhores e mais agressivas letras dos Pearl Jam e, apesar de ser pouco conhecida, é das minhas favoritas. "Better Man" é das músicas mais conhecidas da banda, o que acaba por lhe tirar algum encanto. "Aye Davanita" é outra música exprimental - reforça o carácter único do álbum. "Immortality" é uma balada incrivelmente poderosa, e uma das melhores músicas da banda.

"Hey Foxymophandlemama, That's Me" termina o álbum em puro delírio; consiste na gravação duma entrevista realizada a uma criança numa instituição mental, à qual os Pearl Jam adicionaram música - o resultado é sinistro e arrepiante, e evidencia ainda mais Vitalogy como um álbum único, quase conceptual, e profundamente exprimental.

Tudo aquilo que fez dos Pearl Jam uma banda única e especial começa precisamente aqui, no Vitalogy. É um álbum cheio de personalidade, cheio de carácter. E é uma peça única, inestimável, irrepetível. É, definitivamente, O Álbum.

1 Pensamentos:

Anonymous Anónimo disse:

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25 abril, 2013 18:40  

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