29 março, 2008

A (in)Finitude do Universo

Uma pequena aula de astronomia:

A imagem abaixo apresenta-nos, à escala, a Terra, Marte, Vénus, Mercúrio e Plutão:



Depois, podemos ver esses mesmo cinco planetas comparados com Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno:



E, agora, vejamos todos esses planetas quando comparados com o nosso Sol:



Impressionante, certo? Mas, relembremo-nos, o Sol é apenas uma pequena estrela no Universo.

Porque, quando comparado com estrelas maiores:



E, maiores ainda [cliquem na imagem para a aumentar] :



E concluo dizendo que no Universo existem, supõe-se, cerca de 70 sextiliões de estrelas: 70 000 000 000 000 000 000 000.

Perante estas representações à escala, só podemos ficar assombrados com a nossa pequenez e insignificância. E ainda há quem se devote a uma fé e a um Deus, quem acredite que somos a suma importância, a peça fulcral na existência de toda a vida.

O Universo é a entidade superior; rege-se pelas leis da física e da química. Leis a que alguns atribuem o epíteto de Deus: provavelmente o descargo mental para incapacidade de compreender a grandeza do Universo quando comparada com a finitude da nossa existência. É uma questão demasiado grande para as nossas mentes tão pequenas.

Na verdade, não passamos de mera poeira cósmica.

24 março, 2008

Tempo para um desafio

Dado o tempo livre (como, de resto, é fácil de verificar pelo ritmo de posts dos últimos dias...), decidi embarcar (com algum atraso) num desafio proposto pelo Paulo.

Desafio esse que consiste, basicamente, em transformar dezanove significantes em significados (não Saussurianos...) . Este é o resultado:

VIDA – Condição excepcional. Disfrute-se cada segundo: ela acontece hoje - aqui e agora.
AMOR – Irracional e, por conseguinte, incontrolável. Leva-nos ao céu e esmaga-nos contra o chão.
CASAMENTO – A burocratização do amor. Não contem comigo.
FAMÍLIA – Contribuiu largamente para hoje eu ser como sou. Por isso, muito obrigado.
DINHEIRO – Uma excelente ferramenta para facilitar a felicidade. Não é, contudo, directamente proporcional à mesma.
HOMEM – Pertenço ao género, mas não me suscita particular fascínio.
MULHER – Provavelmente a melhor coisa da vida.
DESEJO – A felicidade - agora e sempre.
SUCESSO – Atingido a cada dia, a cada momento. Muitos sucessos tenho tido, portanto.
PROFISSÃO – Ser um criativo e não um técnico.
SAÚDE – Tal como os árbitros de futebol, é boa quando passa despercebida.
INTERNET – Fundamental. A minha ferramenta do conhecimento.
PRESENTE – Aquilo que verdadeiramente interessa - é o único período em que existimos.
PASSADO –Marcado por alguns arrependimentos. Que não obstam que hoje seja inteiramente feliz.
FUTURO – Sem preocupações acerca de. Quando ele chegar que me diga qualquer coisa e vamos beber um copo.
POLITICA – Fascina-me a concepção Platónica da mesma. Repugna-me a actual.
PORTUGAL – "Ó Portugal, hoje és nevoeiro". Um bibelot.
SEXO – A maior indústria do Mundo. Compreende-se o porquê.
ARTE – Tem tendência para o isolamento e para a auto-martirização. O que é pena, já que muita dela tem muito valor.

OPINIÃO SOBRE O DESAFIO EM QUESTÃO – Tem toques de blogotrash, sobretudo se levarmos as respostas para o facilitismo e para os lugares comuns. No global creio que não permite que se desenvolvam os assuntos de modo a torná-los pertinentes, o que não invalida que se proponham alguns conceitos e visões interessantes.

PESSOAS A QUEM PASSO O DESAFIO - Pelos motivos descritos acima, opto por não passa-lo a ninguém.

23 março, 2008

Guimarães - O Projecto do Toural

Inicio-me hoje a indagar sobre as questões da minha cidade - Guimarães - e começo logo com um tema polémico e que tem suscitado inúmeros debates e discussões: o projecto de remodelação do Largo do Toural.

Confesso que me deixei enredar nas movimentações, hesitações e convulsões que envolveram o projecto. Inicialmente coloquei-me do lado dos apoiantes à remodelação - à existência da mesma e, também, no formato proposto. Hoje encontro-me do lado oposto. Sou contra qualquer grande intervenção no Toural - esta dever-se-ia resumir a alterações mais simples e económicas - e, por conseguinte, contra esta remodelação específica.

Compreendamos que as alterações não se ficam pela cosmética: esta intervenção poderá alterar hábitos sociais, a circulação automóvel, a subsistência do comércio. E, como tal, há que ter especial prudência. Até porque todos conhecemos o desastre que foi a intervenção no Largo da Mumadona.

Durante os próximos dias vou colocar posts sobre aqueles que são, quanto a mim, os principais problemas deste projecto.



1) Duração da obra

O problema mais imediato parece ser a demora da realização da obra em si. É quase inimaginável termos durante meses (ou anos?) um buraco gigantesco naquilo que outrora era o Largo do Toural. Será mau para a cidade, mau para as pessoas, mau para o trânsito (pedonal e automóvel), mau para o turismo, mau para os cafés, mau para as lojas. E some-se ainda o barulho, as poeiras, a maquinaria gigante a poluir a paisagem. É uma catástrofe auto-infligida.

2) O parque de estacionamento subterrâneo

É uma ideia interessante e já implementada noutras cidades (vide Braga), e que tem vantagens inegáveis: permite o acolhimento de um número elevado de carros em pleno centro da cidade, sem sacrificar grandemente a paisagem ou a circulação. Mas...será um espaço aprazível? Limpo, arejado? A maioria dos subterrâneos que conheço não o são (novamente dou o exemplo de Braga). E a segurança? Um espaço desses será um sítio seguro para estacionar o carro durante a noite? Não será sensato considerar que é um sítio muito oportuno para assaltos? E os preços? Não havendo alternativas válidas, será sensato establecer preços elevados como no parque subterrâneo do Estádio D.Afonso Henriques?

Tudo isto são questões que poderão afastar os vimaraneneses de utilizarem este parque (e, destaque-se, os vimaranenses nunca aderiram com grande entusiasmo a este tipo de locais) - o que compremeterá toda a dinâmica do projecto.

3) Retirar a circulação automóvel.

E extendamos esta questão também para a Alameda de S.Dâmaso e Rua Santo António, onde igualmente está prevista a circulação exclusivamente pedonal. Será impossível conciliar automóveis e peões? Não creio. Tanto o Toural como a Alameda têm espaço suficiente para o permitir. Se os passeios e praças centrais forem remodeladas e optimizadas, será possível criar um espaço agradável para as pessoas - com cafés, esplanadas, jardins, etc - bem como continuar a permitir que os carros utilizem essa artéria.

Pensemos no assunto: já imaginaram um espaço desta dimensão (desde o início da Alameda até ao final da Rua Santo António) sem qualquer trânsito automóvel? Não ficará um espaço demasiado frio e silencioso? Não será, inclusivé, perigoso? Não corremos o risco, perante tão amplo espaço, de termos um local ideal para a circulação de marginais - nomedamente à noite? Não creio que esse espaço tenha vida e gente suficiente, tenha luminosidade suficiente, tenha policiamento suficiente, tenha locais abertos suficientes, para garantir essa segurança. Os carros dão vida à cidade. Criam ambiente, movimento. Não me parece haver qualquer necessidade de recorrer a tanto espaço que obrigue a retirar os automóveis.

4) A mobilidade.

Actualmente o Largo do Toural tem sérios problemas de trânsito intenso, sobretudo nas horas de ponta. É uma artéria congestionada, excessivamente movimentada, mas à qual não são oferecidas grandes alternativas. A criação do túnel subterrâneo em nada parece ser capaz de ajudar a este problema. Mais grave do que isso, dá toda a ideia que o irá piorar. E termos os túneis "entupidos" não será, certamente, bom para a vida na cidade, e será mais uma dor de cabeça para os automobilistas. E de que modo será conjugada a circulação automóvel com as entradas e saídas do parque subterrâneo adjacente? Não se criará aí mais uma complicação, mais um nó para a circulação automóvel? Estou em crer que sim.

Em jeito de conclusão:

Guimarães tem a Praça de Santiago, Largo da Oliveira, Rua da Rainha e Rua de Santa Maria como locais primordiais para a existência de bares e restaurantes. Não creio que a cidade tenha dimensão suficiente para povoar outras praças - nomeadamente Toural e Alameda - de mais bares e restaurantes, sobretudo se tivermos em conta o espaço que é necessário preencher. O retirar da circulação automóvel vai tornar estes espaços mais frios, silenciosos e inseguros. E a criação de túneis vai, muito provavelmente, piorar ainda mais a circulação automóvel.

A cidade precisa de estacionamentos em locais centrais, concordo. A minha opinião tende para a revitalização do parque que se encontra debaixo do Estádio. Aberto todos os dias, de manhã até à noite, a preços realistas. O Toural e a Alameda necessitam de uma "actualização" que os tornem mais modernos e habitáveis. Optimize-se esses espaços ao invés de deitar abaixo, escavacar e reconstruir. Simplifique-se. Projectos megalómanos não parecem ser aquilo de que a cidade necessita. Toda a obra feita no Centro Histórico foi pautada pela discrição e pelo rigor. Com tempo, com estudos, com projectos sustentados e coerentes com o passado da cidade e com o futuro da mesma. O projecto do Largo da Mumadona foi repentino, despropositado e feito em cima do joelho. E, sobretudo, não respeitou os pergaminhos de Guimarães. Tanto poderia ter sido feito aqui como noutra cidade qualquer. E isso é o que não pode acontecer no Toural.

17 março, 2008

Save the Rotties!

Continuando na sua senda obstante, o actual Governo também se prepara para proibir a criação e reprodução de sete raças de cães. Nada que surpreenda. Novamente os tecnocratas a terem demasiada fé nas suas capacidades intelectuais, tomando decisões com total aleatoriedade e ao sabor do sensacionalismo. Sai uma notícia dum ataque de um cão a uma criança e voilà, cá está o nosso Estado Providência a zelar tão fraternamente por nós.

E entre essas sete raças surge uma que é muito popular, não só em Portugal como em todo o Mundo, o Rottweiler. Que, para quem não sabe, é uma raça extremamente meiga e leal, que lida optimamente com crianças, mas que, devido ao seu grande porte, sempre foi treinada como cão de guarda e cão de ataque - o que a leva a ser, erradamente, considerada uma raça perigosa.

Não existem raças de cães perigosas, existem, isso sim, donos perigosos. Donos imbecis, inconscientes, sem escrúpulos, que querem ter cães por mero exibicionismo, ou pior, como se de uma arma se tratassem. Mas isso de fiscalizar os donos dos cães parece não interessar ao Governo. Dá muito mais trabalho e cria muito menos impacto. E se não cria impacto, não serve para o propagandismo doentio, quase Goebbeliano, do executivo de Sócrates.

Opte-se pela solução mais simples: exterminem-se os cães.


16 março, 2008

Profecias Orwellianas

Foi com manifesta incredulidade que soube que o Partido Socialista pretende impedir que menores de 18 anos façam piercings e tatuagens definitivas. Pior, piercings na língua e outros locais especificados serão, pura e simplesmente, proibidos.

Saúde pública, alega Renato Sampaio (deputado socialista mentor da proposta), imbecilidade de cunho fascizante, digo eu. Porque se a questão é a saúde pública, proíba-se o tabaco e as comidas com elevado teor de gorduras; mais, obrigue-se toda a gente a fazer exercício diariamente. Se a questão é estética, proíbam-se os bigodes, e, já agora, que se vistam fatos-de-treino para se passear nos Shoppings aos domingos à tarde. Aproveite-se e proíbam-se os domingos à tarde, já que na rua é só parolos e na TV não dá nada de jeito.

Que sejam fiscalizados os establecimentos que fazem piercings e tatuagens, excelente. Imponham-se critérios de qualidade e higienização. Agora, burocratas de fatinho armados em paladinos da moral é que não.

Felizmente ainda possuo faculdades suficientes para não ter que pedir ao Estado que me diga o que ou o que não fazer. Infelizmente, algumas pessoas ainda julgam ser as possuidoras da moral e da razão, e têm como objectivo que toda a gente lhes siga os passos. Chamem-me anarquista se quiserem, mas eu ainda acho que existe espaço para a não-standardização, para a não-conformidade. Que existam pessoas que pensem de maneira diferente, que ajam de maneira diferente. Para este Governo tal não é tolerável. É um precedente grave. Fascista, dizem alguns. Verdadeiramente Orwelliano, digo eu. O que acaba por ser coerente, visto este ser o Executivo mais centralista de que há memória.