13 abril, 2008

Desacordo Ortográfico

Apesar de alguma desinformação, as alterações protagonizadas pelo Acordo Ortográfico já se tornaram mais ou menos conhecidas para toda a gente. Daí que seja um tema que já se possa discutir abertamente.

Oponho-me, naturalmente, ao acordo. Desde logo porque ele implicará reescrever tudo. Todos os livros, dicionários, textos digitais, etc. Isso implica grande custo e grande trabalho, sem que se vejam benefícios significativos daí resultantes. A não ser para as editoras. Mas já lá vamos.

A riqueza da língua é posta em causa. A sua evolução natural é contrariada por uma acordo imposto à força e sem referendo. Tenhamos também em conta que muitas das letras "mudas" em determinadas palavras não estão ali por acaso. Elas indicam o modo de como pronunciar essas mesmas palavras.

Torna-se evidente que o Português de Portugal (e dos PALOPs e Timor) muda muito e o do Brasil muda pouco. Quem ganha com isto? O Brasil em primeira instância, com especial destaque para as suas editoras livrescas, que têm uma capacidade de produção elevadíssima, ao contrário das editoras Portuguesas. É quase inevitável que a grande maioria dos livros escritos em Português passe a ser produzida no Brasil. Portugal, PALOPs e Timor são assim mercados a conquistar pela indústria brasileira.

Outra questão é a de que continuarão a existir ortografias diferentes; muitas palavras têm e terão escrita diferente no Português de Portugal e no do Brasil. A língua não ficará, portanto, totalmente unificada. Logo, tudo isto não passa dum "baralha e volta a dar" numa total perda de tempo que, ao mesmo tempo, muda tudo e deixa tudo na mesma.

A língua Inglesa nunca necessitou de acordos ortográficos. E nesse caso, dada a sua universalidade, até nem era totalmente despropositado. De qualquer modo, nunca os Estados Unidos ou Inglaterra aceitariam fazer cedências. Porque não são lacaios de ninguém e nunca aceitariam tamanha submissão. Portugal, cada vez mais pequeno, remete-se ao estatuto de colonizado, 500 anos depois de ter sido o colonizador.

"Minha pátria é a Língua Portuguesa", já dizia Fernando Pessoa. Pois olha Fernando, eles, os tecnocratas, não se importam nada de retalhar e globalizar a tua pátria, como se da mais recente aplicação de software se tratasse.

1 Pensamentos:

Blogger Fábio Pereira disse:

completamente de acordo. palhaçada.

23 abril, 2008 19:45  

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