23 fevereiro, 2008

A propósito da oposição nação/região

"Sporting de Lisboa, porquê?
Pura e simplesmente porque é, e sempre foi, o clube mais representativo da cidade de Lisboa e o clube maioritariamente apoiado pelos lisboetas. Da mesma forma que o Futebol Clube do Porto é o clube que representa a cidade do Porto e o Vitória de Guimarães é o símbolo da cidade de Guimarães. E ainda mais pura e simplesmente porque o Benfica é o clube dos “sem terra” ou dos “tudo menos a minha terra”.

Difícil de compreender? Mas isto é o que se passa em toda a Europa, excepto nos países menos desenvolvidos que viveram quase todo o século XX debaixo da pata de uma ditadura. O chauvinismo francês, o arianismo alemão, o isolacionismo inglês, o “bordelismo” italiano só se manifesta quando do outro lado está um clube estrangeiro. As pessoas que conhecem ou vivem no exterior sabem muito bem que é impossível em qualquer país da Europa civilizada assistir a comentários televisivos entre duas equipas nacionais tão tendenciosos como os que passam em Portugal. Igual só mesmo na Grécia, na Turquia e na Roménia “et pour cause”, como dizia a minha prima que falava fino e tocava piano nos intervalos.

Para mim não. No futebol, como na política, existe neste país colocado no extremo ocidental (leia-se na cauda ou cu consoante der mais jeito) da Europa uma maioria de dois terços de empatas para quem vencer é quando os outros perdem. Leiria para os sportinguistas e o Alto Minho, a Beira Interior ou o Alentejo para os benfiquistas é o exemplo mais acabado da falta de brio e de orgulho local. Sim, porque o orgulho pessoal não se esgota em nacionalismos bacocos. Mais importante que a nação, pelo menos para mim, é a família e a idiossincrasia regional e local. A nação só vem depois. Só que anos de salazarismo puseram os portugueses a cantar como a Mirita Casimiro. "

[Texto retirado do fórum Relvado.Com, escrito pelo user Bom Senso - aqui]