13 setembro, 2008

Única?


A Revista Única, suplemento do jornal Expresso, mudou de imagem e conteúdo, sendo que o primeiro é mais perceptível que o segundo. A linguagem estética é mais minimalista e sofisticada. A coerência estilística é agora maior, quase como um fio condutor que liga o início ao fim da revista, sem sobressaltos. O conteúdo, esse, não mudou tanto quanto isso. Ainda que o tema desta semana seja, adequadamente, a mudança.

É daquelas revistas que ninguém sabe muito bem se é séria ou se é cor-de-rosa; se é informativa ou se é para ter piada. Acaba por ser um pouco de tudo, suponho. Informa, mas sem nunca perder o humor, a ironia, o sarcasmo. E não é fácil subsisistir nesse "limbo" sem que se acabe por tombar para um lado ou para o outro.

A determinada altura o Expresso decidiu fundir a "Revista" e o suplemento "Vidas" numa única publicação - por motivos óbvios, chamaram-lhe "Única". Confesso que preferia que tivessem mantido o nome Vidas. Afinal é sobre isso que a Única nos fala. As vidas dos famosos, as vidas dos anónimos. Sempre mais uma história interessante para contar, mais uma experiência a relatar, como que a despertar a nossa curiosidade, o nosso fascínio - "um dia hei de fazer isto" - vou dizendo para mim, com regularidade. E fala também nas curiosidades, nos fait-divers, nas citações de circunstância - pormenores que resvalam para o íntimo "fofoqueiro" que todos possuímos.

E é também muito original a nível de fotografia: sempre inovadora nas composições, nunca se deixa cair no aborrecimento, na monotonia, e vai encontrando sempre novas ideias, novas soluções, para despertar a nossa atenção. Não é fácil, não senhor. É que se produzir informação já não é fácil, fazê-lo com uma dose de criatividade é ainda bem mais difícil. E esta interacção entre os que escrevem e os que fotografam será, por certo, um processo complexo.

Vai no bom caminho a Revista Única. E continua a ser o principal motivo porque vou comprando o Expresso, sábado após sábado.