17 agosto, 2008

O Verão ainda vale a pena em Guimarães?

Perante a habitual migração sazonal dos habitantes de Guimarães para a Póvoa de Varzim ou Vila do Conde, a cidade parece ter-se rendido e aceitado a derrota. Nestas noites de Verão, o centro histórico não regista as enchentes de outros anos e as ruas da cidade estão pouco mais do que desertas. E tal não surpreende: pouco ou nada parece acontecer que justifique a presença. A diversidade de espectáculos no centro histórico que nos era presenteada em tempos, noutros anos, parece ser agora uma miragem. Nem dança, nem teatro, nem música, nem nada.

A programação da cidade parece assentar exclusivamente nas Festas Gualterianas, que cada vez recebem menos entusiasmo da população local e mais de visitantes exteriores, que continuam a encher as ruas da cidade...durante 4 dias. Felizmente que a praga dos vendedores ambulantes foi erradicada. Os Vimaranenses agradecem; menos um incómodo no seu dia-a-dia, menos poluição visual (e não só) nas nossas ruas.

Digna de registo é a continuação do excelente trabalho do Cineclube de Guimarães, há 20 anos a oferecer cinema de qualidade, ao ar livre, em pleno centro histórico - durante todo o mês de Agosto. O cartaz é, como habitualmente, bem pensado, oferecendo filmes para todos os gostos, ainda que este ano se tenha apostado em filmes com realizadores e actores mais familiares ao público.

Outro apontamento interessante é o do Barco Rock Fest, festival de música em S.Claúdio de Barco, que reunirá alguns dos melhores nomes emergentes da música portuguesa, como os Linda Martini, os DaPunkSportif (já mencionados aqui no blog) e os Mundo Cão. Também haverá cinema - em protocolo com o Cineclube (eles, uma vez mais). De 20 a 23 de Agosto.

E são estas dinâmicas muito próprias, surgidas de pequenos núcleos, que dão ainda um pouco de dignidade à agenda cultural Vimaranense. A autarquia, essa, parece que se juntou ao resto da população - fez as malas e foi de férias, quiçá terá mesmo alugado uma barraca e ido molhar os pés na água gelada do Atlântico.

3 Pensamentos:

Blogger luis cirilo disse:

Apenas um curto pensamento sobre as Gualterianas.
Conheço as Festas desde a minha infância e nunca,como hoje,vi a população vimaranense tão alheada das mesmas.
Creio existirem várias razões para isso que não cabem no espaço de um comentário curto como este.
Mas até para mim que não sou nada adepto de feiras,romarias,vendedores ambulantes e afins,parece evidente que o "acantonar" as festas no espço actual contribui para que elas passem mais despercebidas das pessoas.
É verdade que as tendas pelas ruas davam transtorno ao trânsito e até a ideia de alguma desorganização,mas também davam vida á cidade,movimento e animação.
De que beneficiava o restante comércio do centro histórico.
Agora com tudo nas Hortas,atracções e vendedores,a verdade é que quem não souber da existência das Festas nem dá por elas.
Talvez seja tempo de repensar as Gualterianas.
E essencialmente de as retirar o mais possivel da órbita do poder autárquico.
Que decididamente não está vocaionado para a organização de eventos que ao longo de mais de cem anos foram sempre da competência dos cidadãos organizados em comissão.
Porque se nada for feito as Gualterianas vão definhar até á extinção.

17 agosto, 2008 23:02  
Blogger Riot disse:

Honestamente prefiro o actual formato das festas; permite que se opte: quem quiser participar na confusão vai até às Hortas, quem não quiser...queda-se por outros lados. Isto cingindo-me àquelas diversões avulsas e de 3ª categoria.

Porque os concertos ao ar livre mantêm-se no centro histórico, o fogo de artifício também é visível de vários pontos da cidade e as feiras...bem, se as feiras fossem feitas de artesanato local e regional, até poderiam ter local de destaque em plena Praça de Santiago, por exemplo. Mas visto serem apenas artigos "made in China" e outros de proveniência duvidosa (Cd's e DVD's pirateados, por exemplo...), por mim que fiquem longe. Isso não representa, nem engrandece, a cidade.

No resto concordo inteiramente. Que as Gualterianas sejam devolvidas ao povo; feitas por Vimaranenses e para Vimaranenses. Que enobreçam os pergaminhos da cidade e não a poluam com porcarias só para atrair visitantes externos.

E aí sim, creio que estarão reunidas as condições para as Gualterianas voltarem às ruas da cidade, e deixarem de ser colocadas num "anexo".

18 agosto, 2008 01:16  
Blogger Joaquim Forte disse:

Enquanto cidadão aplaudo a decisão da Câmara: arrumar a balbúrdia festiva nas Hortas limpou a cidade, tornou-a mais apelativa... E tivemos festa à mesma, dispersa pela cidade no tocante a concertos (os "entradotes" músicos do grupo António Mafra tiveram considerável assistência no Juncal; o José Cid, idem...). E ainda estamos longe de outras cidadas mais alaranjadas, como Viseu, onde a entrada na Feira de S. Mateus custa...2,50 euros!

JF

18 agosto, 2008 12:24  

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